O
livro do apocalipse é a última revelação à igreja e muitos estudiosos tem
dificuldades em entende-lo e em explica-lo. João Calvino, um dos maiores
expositores bíblicos de todos os tempos nunca expôs o livro de apocalipse, e no
decorrer da história muitos tem achado este livro difícil, cheio de figuras e
até mesmo impenetrável, e durante este estudo gostaria de desmistificar esta
idéia. Apocalipse significa revelação, ou seja, exatamente o contrário. O que
eu vou procurar expor aqui não é a única vertente de interpretação desse livro.
Talvez o que você vai ouvir hoje não seja o que você tem ouvido sempre. Vamos
ao primeiro versículo. Ap 1:1
O
propósito do livro: Consolar a nascente igreja que sofria com perseguições,
João escreve no período do reinado de Domiciano, ou segundo Nero. Esse
imperador deporta João para a ilha de Patmos quando todos os apóstolo do nosso
Senhor já estavam mortos através do martírio. A igreja não é mais perseguida
pelos judeus mas sim politicamente e começa a ficar claro que apesar do
aparente sofrimento da igreja que está sendo impiedosamente perseguida, Deus
continua no controle da história. Jesus mostra a João o que em breve deve
acontecer ou seja quem controla a história não são os imperadores, não são os
filósofos, não são os ricos nem os sábios, nem os fortes, as rédeas da história
estão nas mãos de Deus. Muitos têm procurado entender este livro como um manual
marcando nele as profecias que vãos se cumprindo e portanto, tentando achar uma
data para a vinda de Cristo. Champlin, em seu comentário do novo testamento
versículo por versículo, fez as contas e concluiu que Jesus voltaria antes do
ano dois mil, na segunda edição tiveram
que admitir o equívoco. Esse não é o propósito do livro. Primeiro, é um
livro de consolações, senão vejamos: Diz que Deus vê as nossas lágrimas, 7:17,
diz que as suas orações sobem até o altar de Deus, diz que sua morte é preciosa
para Deus, que sua vitória está assegurada que o sangue dos mártires será
vingado que Cristo governa o mundo em seu favor que Cristo voltará para buscar
a sua igreja.
E este
livro tem um tema básico, fundamental. Do capítulo 1 ao 22. A vitória de Cristo e da sua igreja contra os
seus inimigos, o anticristo, o falso profeta, a grande babilônia, e o dragão. A
vitória retumbante de Jesus Cristo e da sua igreja. Mas como assim se no
capítulo 13 os santos são mortos pelos inimigos da igreja? Mas ai começa a
revelação, os santos não são derrotados quando morrem, mas vencem o inimigo
exatamente com a morte. Então quando o cristão é derrotado? Quando ele
apostata. Pois se ele morre pela sua fé, ele vence o inimigo.
Existem
três correntes principais de interpretação do Apocalipse e nós vamos ver cada
uma delas. A interpretação preterista, a interpretação futurista e a histórica.
Alguns estudiosos vão olhar para o livro e entender que ele cumpriu seu
propósito uma vez que atendeu aos anseios da igreja primitiva e tudo o que está
contido nele, já aconteceu. Que o livro se limita somente aos crentes do
passado, essa é a interpretação preterista.
Outros
vão entender, levando para o outro extremo, essa idéia que é a interpretação
futurista. Vão entender que o livro, a
partir do capítulo 4 não se aplica à igreja do passado nem à igreja
contemporânea mas esse livro todo está direcionado para igreja do último
momento, a última geração que precede à volta de Jesus e portanto, ainda vai
acontecer e não está acontecendo.
Temos
ainda, a interpretação histórica. Segundo essa linha, o livro foi oportuno para
a igreja primitiva, foi oportuno para a igreja antiga é oportuno hoje e aponta
para a culminação da história da humanidade com a volta de Jesus. Dentro dessas
linhas temos também outras três linhas de interpretação: são elas, pré-milenista,
pós-milenista e amilenista. Ao longo da história da igreja estas correntes de
interpretação permearam a vida da igreja em épocas diferentes. Por exemplo: o
pós-milenismo foi muito forte no séculos 18 e 19 quando os maiores teólogos
eram pós-milenistas como Jonathan Edwards e Charles Hodge. Segundo essa
doutrina, o mundo iria ser cristianizado, chegando ao ponto culminante como a
profecia de Habacuque que “toda a terra
se encherá do conhecimento do Senhor como as águas cobrem o mar”. porque essa
idéia foi tão forte? As missões modernas, os morávios, pensava-se naquela época
que o mundo ia ser evangelizado em 10
anos. Ai veio a primeira guerra mundial, em 1914, 30 milhões de mortos. 1939,
segunda guerra mundial 60 milhões de mortos, veio o regime comunista, 40
milhões de mortos. veio o regime de Mao Tsé Tung na China, mais de 60 milhões
de pessoas mortas. Veio o crescimento do Islã no mundo, a igreja em queda livre
na Europa e nos Estados Unidos, de onde o evangelho mais se espalhava. O
entusiasmo acabou quando o mundo que estava sendo evangelizado decaiu. Sabem o
que é isso? Erro Hermenêutico. Jesus, em seu sermão profético diz assim
“Porventura quando vier o Filho do homem, achará fé na terra?” O apóstolo
Paulo, escrevendo aos Tessalonicenses, diz “Não será assim sem que antes venha
a apostasia e se manisfeste o homem do pecado.” Então o que precederá a volta
de Jesus não será a Evangelização do mundo mas sim uma grande apostasia. Essa
posição pós-milenista está hoje em decadência apesar de ainda ter alguns
defensores insistentes.
Temos
ainda o pré-milenismo. Existe o pré-milenismo histórico ou moderado, o pré-milenismo
dispensacionalista ou radical como é também conhecido, e por fim, o amilenismo.
O que vamos estudar hoje vai estar entre esssas vertentes divergindo em alguns pontos,
principalmente entre o Reino literal ou espiritual, ou seja, mil anos na terra
ou não e sobre a questão da ressurreição. O pré-milenismo dispensacionalista dominou
a igreja do século 19 para cá. Quando o liberalismo teológico invadiu os
grandes seminários na Europa e América surgiu então uma reação e começaram a
surgir muitos seminários e estudos bíblicos contrários a isso que foram muito
influenciados pelos ensinos de um inglês chamado John Nelson Darby, nascido em
1800. Esse homem vai estudar o livro do apocalipse e vai trabalhar essa questão
das sete dispensações. Outros estudiosos vão popularizar essa questão. No
Brasil a revista Chamada da Meia Noite foi um delas. Na época da guerra fria
essa questão pegou fogo. A idéia é a seguinte: distinção entre Israel e a
igreja no tempo e na eternidade, entendem que a igreja é apenas um parênteses e
que depois do arrebatamento secreto desta, Deus então voltará sua atenção para
Israel. Mas ai encontramos um problema: quando lemos o novo testamento, a
teologia de Paulo vai mostrar que Deus só tem um povo, uma noiva, um rebanho,
uma igreja. e essa igreja é composta por quem? Por judeus e gentios e que a
parede que dividia foi derrubada, Paulo diz que o evangelho é o poder de Deus
para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu depois do grego.
Então como é que os judeus serão salvos? Do mesmo modo que eu e você, através
da fé em Jesus pois, quem crer em Jesus, Deus lhe dará o direito de ser chamado
filho de Deus, seja ele judeu, seja gentio, então não tem diferença entre
judeus e gentios na questão da salvação, e não tem diferença entre Israel e a
igreja. Só tem uma igreja e para um israelita ser salvo ele tem que fazer parte
dela, tem que receber Jesus como seu salvador do mesmo modo que nós gentios. É
o que a Bíblia diz.
Acreditam
também que o reino de Deus foi adiado para a época do milênio, ou seja do
reinado milenar de Cristo aqui na terra.
Outro
dilema é o arrebatamento secreto seguido de uma segunda vinda, essa sim
visível. Essa idéia é a mais popular. Você está embarcando num avião e o piloto
crente desaparece. Os filmes sobre o apocalipse popularizaram esse ensino. Mas
a Bíblia ensina que a vinda de Cristo se dará em duas fases? Uma secreta outra
visível? Alguns vão pegar aquele texto de Mateus 24 dizendo que dois estarão no
campo um será levado e outro deixado, será que essa é a idéia da segunda vinda
de Cristo que a Bíblia realmente ensina? Vou citar algumas características Bíblicas
da segunda vinda de Cristo:
Ela
será pessoal (MATEUS 24:40), ela vai ser visível (APOCALIPSE 1:7), vai ser
audível (MATEUS 24:31), vai ser repentina (1 CORÍNTIOS 15:52), será inesperada (MATEUS
24:44), gloriosa (MARCOS 13:26) e será também inescapável (1 TESSALONICENSES
5:3). E única (MATEUS 25:31,32). Jesus voltou, acabou, não tem segunda chamada,
segunda chance. Ele vem para sentar no seu trono e julgar as nações, juizo
final. Céu, inferno eternidade, acabou. Essa idéia de segunda oportunidade é
até perigosa: “vou continuar levando a minha vidinha, se Jesus voltar ai eu
fico crente de verdade.”
Outra
coisa que precisamos pensar irmão é se a igreja passará ou não pela grande
tribulação. Não passar é uma idéia muito confortável, o mundo vai desabar mas
eu não vou estar aqui para ver, vou estar no céu assistindo tudo de camarote.
Mas do que Deus prometeu nos livrar não é da grande tribulação, a igreja será
poupada é da ira de Deus. A grande tribulação não é a ira de Deus contra os
ímpios mas a ira de satanás e seus anjos contra os santos.
Outro
ponto muito polêmico é a questão da ressurreição. Esse ponto vai consumir um
estudo inteiro. Quantas ressurreições haverão?
Estudaremos
também o amilenismo, quero deixar uma coisa clara, não crio polêmica em
questões secundárias. Todos tem o direito de estudar as escrituras e ter sua
opinião. Mas eu não tenho condições e ninguém tem, de afirmar categoricamente
como acontecerá a segunda vinda de Jesus, então eu não posso ensinar isso como
doutrina. O que é dogma para mim? Jesus voltará. Isso é fato. Ele vai levar
consigo os salvos. Que vai haver ressurreição de mortos ninguém pode negar. Que
vai haver céu e inferno é certo. Que vai haver um arrebatamento, seja secreto ou não, o certo é que haverá. Isso é doutrina. Agora se você é
amilenista ou pré-milenista é assunto
secundário. Há campo para isso. Então o que é amilenismo?
Amilenismo
significa não milênio. Estão os amilenistas não creem no milênio? Creêm mas num
milênio não literal, não em um reinado de Cristo de mil anos na terra como
chefe de Estado. Eles vão citar por exemplo: você está com seu corpo
glorificado mas vai ao supermercado e tem gente com corpo normal do seu lado.
Eles creêm num milênio consumado. E o milênio é todo o período desde a
manisfestação de Jesus até o juizo final. Então vamos partir para o estudo.
O
que quero mostrar é que o livro do Apocalipse se divide em secções paralelas
contendo as mesmas verdades e cada vez vai se tornando mais claro. Podemos
dividi-lo em 7 secções. A primeira vai do capítulo 1 ao 3, os sete cadeeiros, a
segunda vai do capítulo 4 ao 7, os sete selos, terceira, capítulo 8 ao 11, as
sete trombetas. Quarta, capítulos 12, 13 e 14, o levantamento do quarteto do
mal senão vejamos capítulo 12 o dragão, no treze, a besta que se levanta do mar
ou o anticristo, e a besta que se levanta da terra ou falso profeta e capítulo
14 a grande babilônia. Depois vamos, na medida do possível, tentar identificar
alguns desses personagens. Quinta secção, capítulos 15 e 16, as sete taças da
ira de Deus. Sexta secção, capítulos 17, 18 e 19, a derrota do quarteto do mal
agora em ordem contrária as dos capítulos 12, 13 e 14. E a sétima e última secção, capítulos 20,21 e
22, a questão do milênio, juízo final, novo céu e nova terra. Em todas essas
secções uma verdade é repetida, a segunda vinda de Jesus Cristo.
Na
primeira secção, avisos às sete igrejas ou os sete cadeeiros, está no capítulo
1:7 .
Na
segunda secção, perseguição do mundo à igreja. cada selo vai apontar para esse
perseguição. O mundo perseguindo a igreja. Ap 6:12,13 - Mt 24:29-31, a mesma
verdade da primeira secção está também aqui ou seja, a segunda vinda de Crsito.
Vamos
para a terceira secção. Do capítulo 8 ao 11. As sete trombetas. Qual a
diferença dessas para os sete selos? Nos sete selos só o mundo persegue a
igreja e agora aqui fala de uma resposta de Deus contra o mundo. Na medida em
que o mundo persegue a igreja, Deus julga o mundo mas aqui ainda é um juízo
parcial. Porque o juízo aqui ainda vem relacionado com a misericórdia. Tem uma
parte da teologia hoje que ensina que Deus não sabe o futuro, que Ele, assim
como nós, é tão surpreendido pelo futuro como qualquer um de nós. Então Deus
não sabia do terremoto que acabou com a Haiti e com o tsunami que acabou com a
Ásia. É a mãe terra respondendo aos maus tratos. Aquilo que julgamos fenômenos
naturais nada mais são que o juízo parcial de Deus sobre a humanidade. São as
trombetas de Deus tocando, chamando os homens ao arrrependimento. Ap 11:15 .
1Co 15:23,24. Falando sobre a segunda vinda de Cristo.
Quarta
secção, a secção do meio, caítulos 12,13 e 14. Notem bem uma coisa, até o
capítulo 11 a perseguição à igreja é feita pelo mundo mas a partir do capítulo
12 ela vai ser feita pelo próprio satanás e seus aliados. No capítulo 12
aparece o dragão, qual é o seu propósito? Acabar com o Filho mas como não
consegue ele volta suas baterias contra a mulher, e quem é a mulher? A igreja.
E ela se refugia no deserto. O dragão então vai se aliar com outros agentes,
que são o anticristo e o falso profeta. Eles vão perseguir e vão matar os
santos. A opção vai ser esta ou você nega a Jesus ou morre. No capítulo 12 diz
que os santos venceram o dragão com o que? Com o sangue do Cordeiro e com a
palavra do testemunho. E que diante da morte não amaram suas vidas. Onde está a
presença da segunda vinda de Cristo nesta secção? Ap 14:14,15. Mt 13:39. Mt 24:31.
Quinta
secção, capítulos 15 e 16. As sete taças da ira de Deus. Qual a diferença das
trombetas e das taças? As trombetas são juízo parcial de Deus, dando
oportunidades de arrependimento aos homens, juízo misturado ainda com a
misericórdia enquanto as taças são juízo final ou total e elas estarão sendo
derramadas no próprio contexto da segunda vinda de Cristo e não haverá mais
chance. É destruição total. Será que vamos encontar evidência da segunda vinda
nesta secção? Ap 16:20, 20:11.
Sexta
secção, capítulos 17, 18 e 19, a queda do quarteto do mal, á medida que as
coisas vão acontecendo vai ficando mais claro. A queda se dá na ordem inversa
em que se levantam. No capítulo 12 se levanta o dragão, no 13 se levanta o
anticristo e o falso profeta e no 14 a grande babilônia. Ap 19:11 – 16, a cena da segunda vinda de
Jesus, mais clara, mais límpida, mais cristalina.
Sétima
secção, capítulos 20, 21 e 22 – o trono do julgamento. Ap 20:11-15. Quem está
sendo derrotado aqui? Quais inimigos? Ap 19:20. O falso profeta e o anticristo.
Quem mais foi derrotado? 18:2. Ap 20:10. Quem mais precisa ser derrotado? Ap
20:14. O último inimigo a quem Paulo se referiu que seria vencido, a morte.
Quem mais falta ser julgado e condenado? Os ímpios, os que não creram, confira
Ap 20:15. Qual é a condição para ter o nome escrito no livro na vida? É pelas
boas obras? É por fazer parte da Assembléia de Deus, da Batista, da
Presbiteriana ou da Católica? Não. A condição é crer em Cristo Jesus e obedecer
os seus mandamentos.
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